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MATERIA DO JORNAL DIARIO DO PARA

Madame Saatan em dez horas de estúdio

Banda paraense é convidada pela Trama a gravar e mixar música Em São Paulo há um ano e meio, a banda paraense Madame Saatan já vem colhendo os frutos da persistência em trabalhar com música. O esforço coletivo do quarteto, que divide o mesmo teto em Sampa, e o amadurecimento da formação, que eles dizem agora ser uma família, podem ser os principais ingredientes para continuar apostando na carreira fora daqui.

Há duas semanas, a banda recebeu o convite para a gravação de uma música pelos estúdios da Trama, selo de música independente de São Paulo, responsável por impulsionar carreiras de bandas de outros estados, como Vanguart, de Mato Grosso, Móveis Coloniais de Acaju, do Distrito Federal, e outras que rodam pelo circuito independente. No próximo dia 27, Sammliz (vocal), Ed Guerreiro (guitarra), Ícaro Suzuki (baixo) e Ivan Vanzar (bateria) serão os próximos a encarar o desafio proposto pela Trama para gravar uma música pelo projeto “10 horas no Estúdio”. Em continuidade à sequência de gravações do programa Radiola, da TV Cultura, comandado por João Marcello Bôscoli, Madame é a 12ª banda a topar gravar e mixar uma música em um único dia.

A canção escolhida para a gravação foi “Rio Vermelho”, uma das novas composição pós-mudança de ares, que tem um pouco de São Paulo e das impressões deste lugar, com ritmos conhecidos dos paraenses, sem ficar de fora, claro, a autêntica mistura com as notas pesadas do heavy metal. Na letra, Sammliz já adianta algumas sensações da nova fase da banda. “É uma letra que fala sobre mudança. Usei a questão da água como uma metáfora, a mudança de águas. A gente que vivia aí, cheio desse símbolo, e de repente chega nessa cidade e vê a correria que é estar morando aqui em São Paulo.

Nós sentimos o impacto. ‘Rio Vermelho’ é a primeira canção dessa nova fase, tem um pouco de lundu e siriá com uma pegadinha mais pesada”, revela Sammliz, autora da letra. Inspirada também em João Cabral de Melo Neto, a música começa com a frase ‘Aquele rio era como um cão sem plumas’, do poema ‘O Cão sem plumas’. A escolha da música para apresentar no projeto também se deu por questões comerciais: ela já vem sendo tocada em algumas apresentações é a primeira música nova registrada. “É uma música mais antiga, já tocamos em alguns festivais, então resolvemos colocar logo na roda”, diz a vocalista.

NOVO ÁLBUM

O trabalho profissional, as mudanças geográficas e pessoais, as impressões do novo, as lembranças da terra natal: tudo é motivo para pensar em novas composições e na produção do primeiro disco longe de casa, ainda sem previsão exata para chegar às mãos dos fãs. “Esse disco representa essa nossa nova fase”, diz. Sobre o novo CD, Sammliz prefere não se arriscar e não revela muitas informações, mas garante que trabalham pesado em novas composições. “A gente está em processo adiantando de composição. Aqui [São Paulo] a gente acaba adquirindo novas influências, mas continua com o tempero do Norte (risos)”, garante a cantora. Ela diz já ter um produtor em vista e que o ritmo de ensaios está cada vez mais intenso e, por conta disso, o número de shows diminuiu. “Temos que compor, fazer uma triagem e escolher só as melhores. Estamos testando as músicas novas. Temos que ter 40 canções para tirar 12 e isso é um trabalho muito grande e ainda estamos no meio desse processo. Estamos até tocando menos para priorizar o novo disco e fazer o melhor que a gente conseguir e mostrar uma coisa bacana para o público”, adianta Sammliz. “Procuramos profissionalizar o nosso trabalho e não perder o foco. Temos que estar prontos todos os dias e sempre, até mesmo porque a gente só trabalha com isso, ninguém tem trabalho formal. Então, tem que ser sério”, completa o baixista Ícaro Suzuki.

Prova da dedicação são algumas conquistas: o videoclipe da música “Vela” em exibição nacional pela MTV, participações em programas da Rede Globo e TV Cultura, prêmios nacionais como o Melhores do Ano de 2008 como Banda Revelação em votação pelo portal da MTV e o prêmio Dynamite 2008 de Melhor Álbum de Heavy Metal. O que virá pela frente? (Diário do Pará)